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Lutadores da região de Itapetininga relembram conquista de medalhas no mundial de sumô: ‘Fazer parte da Seleção é um sonho’

Ingrid e Paulo representaram a região de Itapetininga no mundial de sumô — Foto: Arquivo pessoal

Paulo César Junior (Itapetininga) e Ingrid Harumi (Capão Bonito), ambos de 18 anos, estão entre os que voltaram com medalhas do Japão

As cidades de Itapetininga (SP) e Capão Bonito (SP) tiveram dois representantes no pódio do mundial de sumô, que foi realizado no Japão no início de outubro. Paulo César Junior e Ingrid Harumi, ambos de 18 anos, estavam na delegação brasileira que voltou com medalhas da terra do sol nascente.

“Só de fazer parte da Seleção é um sonho. Representar o Brasil no Mundial, ainda mais no Japão, é muito importante para mim e ainda consegui essa medalha”, comenta Ingrid, que também é representante de Capão Bonito.

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Ao todo, o Brasil contou com 18 atletas no Mundial, sendo três de Itapetininga e sete de Capão Bonito. Ingrid ficou com o bronze, na categoria júnior, no peso médio feminino (60 a 75 kg). Já Paulo conquistou a medalha de prata, na categoria júnior, peso médio masculino (80 a 100 kg).

Ingrid faz sumô desde os nove anos, conquistou a medalha de bronze — Foto: Arquivo pessoal

“Fiquei muito feliz. Estava buscando o primeiro lugar, mas só de subir no pódio, representando o Brasil, ser o segundo melhor do mundial, foi realmente emocionante”, ressalta Paulo, também representante de Itapetininga.

Segundo os atletas de sumô, o mundial conta com lutadores de alto nível, o que deixa qualquer posição do pódio mais difícil de ser alcançada. Além das dificuldades do torneio, a delegação brasileira teve que enfrentar cerca de 30 horas entre o voo e as escalas.

“Foi um campeonato difícil, felizmente consegui lutar da melhor forma possível. Na última luta, deveria ter melhorado alguns detalhes. Fiquei feliz com meu desempenho. No próximo ano, preciso treinar mais, corrigir algumas coisas para buscar o primeiro lugar”, exalta Paulo.

Ingrid lutando no mundial de sumô — Foto: Arquivo pessoal

Além de Paulo e Ingrid, Mateus Lopes, com um bronze, na categoria júnior e Luciana Watanabe, com a prata, também representaram o Brasil no pódio na categoria adulto.

‘Dias de luta, dias de glória’

O “sumotoris” – como são chamados os lutadores – da região conseguiram participar do mundial após uma campanha de arrecadação para arcar com os altos custos da viagem e participar de uma das maiores competições do esporte.

Paulo conquistou a medalha de prata — Foto: Arquivo pessoal

 

Paulo lutando no mundial de sumô — Foto: Arquivo pessoal

Para se classificar para o mundial, os lutadores precisam ter uma boa colocação no campeonato regional, vencer o Campeonato Brasileiro e fazer a seletiva para o Campeonato Mundial.

“Depois que foi feita a seletiva para o mundial, tive dois meses para me preparar para o campeonato. Eu mudei a minha rotina de treinos. Estava treinando musculação três, quatro vezes por semana e sumo três vezes por semana, além dos esportes que eu pratico”, revela Ingrid.

Assim como Ingrid, Paulo se preparou por cerca de dois meses com treinos de musculação para melhorar a resistência.

Os atletas também capricharam no alongamento para melhorar a mobilidade, além de exercícios cardiovasculares para melhorar a resistência. Tudo isso sem deixar de treinar o sumo, praticamente todos os dias.

Paulo e Ingrid subiram no pódio do mundial de sumô — Foto: Arquivo pessoal

Como no Japão o fuso horário é de 12 horas a mais que no Brasil, os lutadores chegaram um dia antes de começar o campeonato para se acostumar. Desafio enfrentado sem muitas dificuldades por Paulo.

“Não foi difícil (a adaptação). A gente chegou uns dias antes para o corpo se acostumar. Então todo mundo conseguiu se acostumar com o fuso horário. A língua, conseguimos virar um pouco com o inglês, mas o nosso sensei (professor) sabia japonês, então deu para levar tranquilo”, conta.

Já Ingrid, explica que enfrentou dificuldade de entender o idioma, mas conseguiu interpretar bem as sinalizações da arbitragem.

“Os árbitros sinalizavam o lado que a gente tinha que ficar, então não tive dificuldades enquanto a isso. O árbitro principal fala a linguagem padrão, então em qualquer lugar que a gente for, é a mesma fala”, explica.

A lutadora aproveitou a viagem para ter novas experiências com uma cultura diferente.

“O que eu mais gostei da viagem foi ter ganhado a medalha e, além disso, conhecer uma nova cultura, que é bem diferente do Brasil. Uma experiência bem legal. É um país muito incrível”, diz.

Começando no sumô

Os dois lutadores começaram nas artes marciais na infância, ambos lutavam judô. Após uma dica do seu mestre, resolveram praticar sumô para melhorar alguns tributos que os ajudariam a evoluir. Paulo começou a praticar a arte marcial com 12 anos.

“O judô, comecei com 5 anos. Com um tempo no judô, vai subindo o nível, vai exigindo mais de si mesmo. Então, o meu sensei me incentivou a entrar no sumô, para melhor a base, ficar mais forte nas pernas, com mais agilidade. Acabei gostando, continuando e participando dos campeonatos e fui gostando cada vez mais. Hoje eu amo os dois igualmente”, conta Paulo.

O sumô é uma arte marcial tradicional japonesa, com origem relacionada a rituais e a santuários xintoístas. Na arte marcial, dois lutadores se enfrentam em um ringue de formato circular. O objetivo é derrubar o adversário ou empurrá-lo para fora do círculo. Não são permitidos socos ou chutes.

Ingrid começou a praticar a luta com oito anos e também conta que começou a treinar por conta do judô e nunca mais parou.  “Eu entrei para conhecer como era o esporte. No treino seguinte comecei a treinar e nunca mais parei”, enfatiza. (Por Vinicius Lara, g1 Sorocaba e Jundiaí)

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