Não poderia deixar de falar sobre os bebês inocentes, indefesos e que, por ironia, abrigados no ventre materno, no lugar que deveria ser o mais seguro do mundo, acaba sendo o lugar que os condenarão à morte.
Em quase todos os povos o direito à vida sempre foi inquestionável. No Judaísmo, o precursor do monoteísmo, o aborto jamais existiu. Talvez a forma como vem sendo propagada a liberação e legalização do aborto nos impeça de reconhecer a realidade: em muitos lugares é autorizado o assassinato de bebês!
Raramente vemos a mídia mostrar o que acontece com um bebê quando ele é submetido ao aborto. Essa violência é ocultada; não é revelado o sofrimento a que são submetidos. Por vezes a criança já está em condições de nascer, poderia ser cuidada ou colocada para a adoção.
Recordo quando adolescente, em que participei de um “Encontro de jovens” da Igreja Católica e passaram um filme sobre o que ocorria com os “bebês indesejados”. Nunca vou me esquecer. Apareceram filmagens em tempo real, sem edição de imagens, retratando como eram brutalmente mortos, por diferentes formas e métodos. Depois, eram jogados no lixo. Aquelas cenas me marcaram profundamente. Ainda estão vívidas em minha memória.
Vou poupar o leitor de descrever com mais detalhes o horrendo cenário, mas fico me questionando que, mesmo após todos estes anos, o direito à vida de um ser humano ainda não estar confirmado no mundo todo. Repare como até a palavra bebê é ocultada e em seu lugar é usado o termo embrião, feto, na tentativa de minimizar o impacto, para retirar, por meio da semântica, a identidade daquele ser, para poder eliminá-lo como se fosse uma coisa.
O mais interessante é que foram criadas leis para a proteção do meio ambiente, do direito à vida dos animais, alguns deles com uma legislação específica que os defende e prevê como crime, impedindo a crueldade, a matança. Isto é um avanço, pois certamente merecem nosso respeito e cuidado, com o direito à vida (e eu amo os animais).
Mas, e a vida de um bebê inocente? Por que não merece o mesmo cuidado e direito de proteção à vida, como as tartarugas, por exemplo? Em que momento a vida humana passou a ser banalizada e descartada, vista como objeto?
De tempos em tempos aparece na mídia que deveria haver um debate sobre o aborto. Eu pergunto: por que debate? Houve debate para a criação de Lei de proteção às tartarugas? Houve debate para a preservação do Mico-leão-dourado, para a proteção do meio ambiente? Por que deveria haver um fórum para decidir se os bebês devem ou não morrer? A vida humana não merece respeito?
A verdade é que houve toda uma propaganda no sentido de diminuir a taxa de natalidade, que envolve uma série de fatores econômicos e de controle social, em que governos, conferências internacionais em vários países, médicos e corporações, com ONGs, algumas com nomes disfarçados, como Free Choice, estão envolvidos. Há todo um trabalho da mídia, dos meios de comunicação em promover a cultura da morte, em que falsos argumentos são apresentados, com a manipulação do “imaginário social”, em que o aborto é colocado como um direito da mulher (direito de matar).
Em meio a argumentos ideológicos a favor do aborto, clichês são internalizados, como: meu corpo minhas regras; tenho o direito de decidir pelo aborto, dentre outros.
Há uma propaganda ideológica no sentido de justificar esse crime, fazendo com que aceitemos o inaceitável. O crime de assassinar bebês recebeu o eufemismo de emancipação, direito da mulher. Repare como há uma propaganda na mídia para a validação da política do aborto, com a apropriação da linguagem, em que ouvimos muito sobre o direito da mulher, direito de liberdade de escolha, direito ao prazer, direito a tudo, menos sobre o direito à vida de um ser inocente. Felizmente, na contramão, temos diversas igrejas que são contra o aborto e fazem um importante trabalho de prevenção da gravidez assim como o acolhimento e suporte para as mães grávidas.
Paulatinamente a mídia, a educação, a sociedade de um modo geral, vem reforçando esta falácia e aos poucos muitos vão se acostumando com o aborto, não vendo como uma crueldade, uma sentença de morte a seres inocentes, mas sim de um direito de escolha da mulher. O mais assustador é que leis estão sendo criadas para favorecer estes assassinatos.
Certa vez ouvi de uma pessoa que este assunto não merecia consideração, porque cada um é livre para fazer o que quiser e ninguém tem nada com isso; que a mulher é dona de seu corpo e que pode decidir se quer abortar o bebê. Estas palavras me deixaram (deixam) aterrorizada. Que grau moral é esse que atingimos, em que um bebê pode ser morto com a desculpa do desejo pessoal, da “liberdade” da mulher? (temo pela nossa humanidade).
Isto representa uma justificativa para o genocídio, em que a mulher como “dona de seu corpo” pode decidir por matar um ser indefeso. Mas alguém pode se considerar proprietário de outra vida, mesmo que seja causar sofrimento ou a morte? Como foi que chegamos ao ponto de ter leis que protegem os animais, tendo estes mais direitos à vida, com sanções previstas no código penal e a vida de um bebê indefeso ser banalizada, considerada obsoleta, descartável?
Um bebê com apenas um mês de vida já possui um coração pulsando, com terminações nervosas e o início da formação de seus diversos órgãos. Veja que dádiva divina. Como todo e qualquer ser humano, deve ter seu direito inalienável à vida. Deve ser defendido, pois trata-se de um ser que é incapaz de se defender sozinho, de se proteger. Considerando também a tristeza, o sofrimento do bebê no ventre materno quando sente que é indesejado. Sofre no anonimato, no silêncio da mais pura inocência.
Veja que o animal protege e cuida do filhote. A natureza evidencia que, mesmo em espécies diferentes, há o desejo inato de proteção e cuidado. Quantas vezes não verificamos casos de animais que amamentam filhotes alheios, de outras espécies, que cuidam com tanto carinho e respeito. Alguns podem dizer que isso representa um código de perpetuação da espécie; prefiro acreditar que seja expressão da bondade.
A frase mais comum a respeito ao aborto é: “a mulher é dona do próprio corpo, pode fazer dele o que bem entender”. Não lhe parece isso influência do slogan “faz o que te apetece”, de Aleister Crowler, seguido por Anton LaVey, fundador da Igreja Satânica?
Creio ser importante atentarmos para diversos fatores que tem contribuído para a aceitação do aborto, como interesses escusos da indústria farmacêutica; o relativismo cultural, querendo transformar a mulher no próprio homem e descaracterizando o dom da maternidade. A mulher carrega, dentre outras qualidades, a doçura, a ternura, o dom de cuidar, importante não somente para a concepção, mas para exercer seu papel no mundo. A liberação sexual está tentando retirar da mulher o compromisso com a consequente gravidez ou questões morais. Os filhos vão se tornando descartáveis, pois atrapalham a carreira ou outros desejos. Na atualidade, muitas mulheres estão presas a estereótipos, em busca da beleza eterna, do hedonismo (busca pelo prazer).
O aborto já foi legalizado em vários países. O Brasil ainda se mantém fiel ao preceito de que todos tem o direito à vida, talvez por questões religiosas (Graças a Deus!). Ainda é tempo de levantarmos as vozes, de nos posicionarmos contra esta chacina; não há como ficar em cima do muro. Uma sociedade que não respeita o direito à vida de uma criança, não respeitará também outros direitos. É o caminho da barbárie.
Creio que enquanto o ser humano não tiver a consciência de que somos também seres eternos e que haveremos de responder por todos os nossos atos, viverá de acordo com a expectativa de felicidade, mesmo que momentânea, sem pensar as consequências de suas ações. Inclusive pela omissão ou o silêncio diante deste crime hediondo.
A legalização do aborto representa o fim da consciência (confesso que isto me assusta!). A deliberação do mal. Estes crimes não ficarão impunes. A consciência de cada um definirá o seu agir.
E não há como mascarar a realidade: quem se posiciona a favor do aborto defende o Holocausto!
Professora Drª Maria do Carmo Lincoln Paes. Pianista, Graduada em História; Pós-graduação em Filosofia; Mestre em Educação e Doutora em Educação. Email: carmolincoln@gmail.com