Um aluno de 28 anos, morador de Capão Bonito (SP), perdeu a vaga no curso de direito da Universidade de São Paulo (USP) após uma banca julgadora não o considerar pardo. No entando, o estudante conta que, em 2021, se formou bacharel em educação física como cotista, também pela USP.
Pedro Felipe Carvalho Vaz foi aprovado em direito a partir de sua nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ao g1, Pedro conta que logo quando comemorou a notícia da aprovação com a família, recebeu a notícia de que “não seria pardo o suficiente para usar o sistema de cotas raciais”.
“É como se de 2018 pra cá eu tivesse mudado de etnia, mudado de raça, o que não é possível. Eu não precisaria das cotas raciais para ser aprovado se eu tivesse optado apenas pelas categorias de cotas de escola pública e baixa renda, que se aplicam a mim. Eu teria sido aprovado sem problemas, mas eu coloquei cota racial porque a USP já me aceitou como pardo”, conta Pedro.
Pedro também conta que já contratou um advogado especialista em cotas para tentar reconquistar a vaga.
O que diz a faculdade?
A Universidade de São Paulo (USP) declarou que o estudante pode entrar com recurso até dois dias úteis depois de receber o resultado da comissão.
A instituição também acrescenta que a política de cotas foi implementada em 2017 e, em 2018, foi realizado o primeiro processo seletivo com as cotas, que na época, era realizado apenas pela autodeclaração de pretos, pardos e indígenas (PPI).
“O processo se mostrou inadequado, gerando insegurança entre os estudantes. Foram centenas de denúncias contra alunos que incidiram em qualquer momento de seu curso, resultando em processos que, por vezes, levaram a desligamento em anos finais da graduação. Nesse período, a Universidade recebeu cerca de 200 denúncias de supostas fraudes. Em 2020, houve a invalidação de matrícula de um aluno do Instituto de Relações Internacionais (IRI), por fraudes racial e socioeconômica. Em 2021, foram invalidadas as matrículas de seis estudantes matriculados na Faculdade de Medicina (FM), na Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) e na Escola de Enfermagem (EE). Em decorrência da insegurança permanente e dos transtornos causados aos estudantes, e buscando impedir as fraudes às políticas afirmativas, a USP adotou, em 2023, as comissões de heteroidentificação”, diz a nota. (Por g1 Itapetininga e Região)