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Cotista que perdeu vaga na USP por não ser considerado pardo consegue liminar para frequentar aulas: ‘Realizei meu sonho’

Estudante de Capão Bonito (SP) teve a vaga no curso de direito negada pela banca julgadora da instituição, que não o considerou pardo. Ontem, quinta-feira (11), Pedro Vaz esteve na universidade para entregar pessoalmente a liminar e pedir informações sobre a volta às aulas

Pedro Felipe Carvalho Vaz, de Capão Bonito (SP), se formou como cotista em Educação Física pela USP — Foto: Pedro Felipe Carvalho Vaz/Arquivo pessoal

O estudante de Capão Bonito (SP) que perdeu a vaga no curso de direito da Universidade de São Paulo (USP) após banca julgadora não o considerar pardo, conseguiu uma liminar para poder frequentar as aulas.

Pedro Felipe Carvalho Vaz, de 28 anos, foi aprovado como cotista em direito a partir de sua nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O estudante conta que ainda não voltou a ser aluno da USP oficialmente, porém, nesta quinta-feira (11), foi à universidade para entregar pessoalmente a liminar e pedir informações.

Ainda não não restabeleceram o acesso dele ao sistema estudantil, mas em breve o estudante deve receber a grade de aulas, comentou.

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Questionada, a universidade informou que “quaisquer ordens judiciais serão cumpridas pela USP, respeitando os prazos contados a partir da notificação formal, e serão apresentadas em juízo todas as informações que explicam e fundamentam o procedimento de heteroidentificação”.

Segundo o estudante, em 2021, se formou bacharel em educação física como cotista, também pela USP, o que seria contraditório da atual decisão da banca da universidade.

Depois de recorrer à Justiça para reconquistar a vaga, o jovem conseguiu a liminar autorizando que ele frequente as aulas da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), também conhecida como Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (Sanfran).

“Fiquei muito feliz! Sonho desde a adolescência em estudar direito na USP. Eu tinha me comprometido a jamais entrar aqui (universidade) até o dia em que eu fosse aluno de novo. Realizei meu sonho!”, comemora Pedro.

Pedro Felipe Carvalho Vaz, de Capão Bonito (SP), conseguiu liminar para frequentar aulas de direito na USP — Foto: Pedro Felipe Carvalho Vaz/Arquivo pessoal

Relembre o caso

Pedro conta que logo quando comemorou a notícia da aprovação com a família, recebeu a notícia de que “não seria pardo o suficiente para usar o sistema de cotas raciais” no curso de direito.

“É como se de 2018 pra cá eu tivesse mudado de etnia, mudado de raça, o que não é possível. Eu não precisaria das cotas raciais para ser aprovado se eu tivesse optado apenas pelas categorias de cotas de escola pública e baixa renda, que se aplicam a mim. Eu teria sido aprovado sem problemas, mas eu coloquei cota racial porque a USP já me aceitou como pardo”, conta o jovem.

Pedro também conta que contratou advogados especialistas em cotas para tentar reconquistar a vaga.

“Ainda vou ter que passar por um aperto financeiro para pagar os advogados, pois fui muito prejudicado. Mas o importante é que já estou aqui”, finaliza. (Por g1 Itapetininga e Região)

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