As discussões polarizadas que vemos diariamente nas redes sociais, com pessoas defendendo cegamente “um lado” ou atacando o “outro”, muitas vezes perdem de vista o ponto principal: não são as ideologias em si que definem o sucesso ou fracasso de uma nação, mas sim as pessoas que as representam.
Seja o modelo social-democrata da Dinamarca, que com sua robusta rede de bem-estar social, altos impostos e foco na igualdade, atinge elevados índices de qualidade de vida e felicidade; ou o capitalismo liberal de Cingapura, que com baixa tributação, forte foco no livre mercado e um governo centralizado e meritocrático, conquistou um notável sucesso econômico. Ambos os exemplos, apesar de ideologicamente distintos, mostram que a verdadeira essência de um bom governo reside na qualidade moral e ética de seus líderes.
Pense na analogia com a corrida do lendário Ayrton Senna. No início de sua carreira, ele participou de um evento onde os maiores pilotos da época estavam presentes, todos dirigindo carros idênticos, com a mesma potência. Mesmo saindo de uma posição desfavorável e sendo subestimado, Senna demonstrou sua genialidade ao ultrapassar todos os competidores e cruzar a linha de chegada em primeiro. O carro era o mesmo para todos, mas a habilidade, o caráter e a determinação do piloto fizeram toda a diferença.
Essa mesma lógica se aplica à política. De que adianta ter a “melhor” ideologia se à frente dela estiverem indivíduos sem escrúpulos, sem caráter, arrogantes ou movidos por interesses próprios? Um líder corrupto, tirano ou desprovido de empatia transformará qualquer sistema, por mais bem-intencionado que seja, em uma ferramenta de opressão e desigualdade.
E, ainda, mesmo um líder que inicie sua jornada com boas intenções pode se ver refém de suas próprias escolhas. Ao invés de priorizar qualidade técnica, ética e moral ao montar sua equipe de governo, ele pode optar por “vender” antecipadamente cada cargo em troca de apoio político e garantia de eleição. Ele pode até conseguir seu objetivo eleitoral, mas passará os quatro anos de mandato refém dessa infeliz escolha, sacrificando a eficiência e o bem comum em nome de alianças frágeis e interesses escusos.
No fim das contas, o cerne da questão não está na etiqueta política, mas sim na busca por líderes íntegros, competentes e verdadeiramente comprometidos com o bem-estar da sociedade. Eles são o “Senna” que pode levar qualquer “carro” (ideologia ou sistema) ao pódio, garantindo que o governo sirva, de fato, ao povo.