O tema em questão não poderia ser outro. O momento é propício e mais do que necessário para ser falado e debatido: a política no centro da conversa. Em outubro, teremos as eleições municipais, um evento que nos envolve direta ou indiretamente. É uma oportunidade para discutir a política como transformação social.
A política faz parte do nosso cotidiano, gostemos ou não. A questão não é gostar ou não gostar, mas reconhecer que, independentemente da nossa participação, a política nos influencia. Estamos inseridos nesse sistema, e não há como fugir. Dizer “Eu não gosto de política, portanto sou apolítico” é ingênuo. Nesse caso, você já tomou uma posição, fazendo parte do grupo que escolheu a mesma atitude. Essa decisão política não o torna imune às consequências, sejam elas boas ou ruins. Outras pessoas decidiram por você, já que você se fez ausente.
Para que a política atue como forma de transformação social, é necessária a participação de toda a sociedade. Somos todos parte desse sistema. A política é o próprio sistema. Quem são os beneficiados pelo sistema? A quem ele obedece? E em quais condições?
No Brasil, a renda é mal distribuída. De onde vem essa renda? Quem a distribui? A principal causa da má distribuição de renda é o aumento da desigualdade social. A disparidade entre ricos e pobres é evidente. Quem se beneficia da pobreza? A pobreza é um fenômeno complexo, resultante de fatores econômicos, sociais, políticos e ambientais.
No Brasil, a renda é mal distribuída, agravando a desigualdade social. Segundo o IBGE, em 2019, os 10% mais ricos detinham 42,1% da renda total, enquanto os 40% mais pobres ficavam com apenas 10,3%. A disparidade entre ricos e pobres é evidente. A pobreza é um fenômeno complexo, resultante de fatores econômicos, sociais, políticos e ambientais.
Pode a política acabar com a pobreza? A política, como a pobreza, é multifacetada. O acúmulo de renda e o combate à pobreza são questões políticas. Como disse o ex-presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt: “A prova do nosso progresso não é se adicionamos mais à abundância daqueles que têm muito; é se proporcionamos o suficiente àqueles que têm pouco.” Resta saber qual política agrada ao sistema.
O grande desafio do Brasil no século XXI é erradicar a miséria, superar a pobreza e incluir milhares de brasileiros fora da sociedade do trabalho, proporcionando uma vida digna: saúde, educação, saneamento, moradia decente, trabalho e renda. Este país parece resultado da contradição entre o Brasil nação e o Brasil mercado, entre o desejo de inclusão social e as forças de mercado que concentram renda.
O Estado brasileiro tornou-se um instrumento dos interesses dos ricos, tanto internos quanto externos. As poucas vezes em que o Estado moveu-se para o lado dos mais pobres foi porque esses lutaram para se tornarem visíveis. Mesmo no recente governo democrático popular, a inclusão social ocorreu principalmente via economia de mercado e acesso ao consumo, sem enfrentar problemas estruturais como educação e saúde de qualidade, moradia decente, saneamento, mobilidade urbana e condições dignas de trabalho e renda.
Em outubro, vamos às urnas escolher nossos representantes no executivo municipal e no legislativo. O que queremos para nossos municípios? E o que esperamos dos nossos eleitos? A corrida eleitoral vai começar, e devemos ficar atentos às propostas dos candidatos. Que os candidatos à câmara legislativa usem a política para legislar em benefício do bem comum.
A política é um instrumento de correção das distorções sociais e deve fortalecer uma sociedade que respeite os direitos sociais, com uma ética solidária, baseada em valores de solidariedade, liberdade, democracia, justiça e equidade. A transformação social através da política depende das nossas escolhas. A qualidade da política depende da qualidade dos políticos. Nós, como sociedade, temos a responsabilidade de escolher bem nossos representantes. Não importa para que lado sopra o vento, o importante é que nossos objetivos, sonhos e anseios sejam impulsionados pela força revigorante da esperança.
Luiz Carlos de Proença – Conselheiro Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Capão Bonito SP. Autor do livro – O abraço do tempo –